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domingo, 20 de novembro de 2011

A Copa do Mundo de 2014 e o mundo do trabalho


Após a realização da Copa do Mundo no Brasil, um dos pontos que toda a comunidade costuma se questionar se refere ao legado que deverá permanecer após a conclusão desse grande evento do esporte mundial. Além da grande visibilidade do país no cenário internacional, que tem se tornado foco de interesse e atenção da mídia do mundo inteiro, quais serão as vantagens concretas a serem percebidas pela população do país, mormente a das cidades-sede de competições futebolísticas? Nesse breve artigo, o alvo da nossa abordagem leva em consideração os reflexos diretos para o mundo do trabalho, inclusive para o enfrentamento de um dos maiores problemas nacionais da atualidade, que é o combate ao desemprego.
De forma geral, poderíamos sintetizar em dois pontos centrais as grandes vantagens que podem ser proporcionadas em favor das cidades responsáveis por acolher as partidas futebolísticas ao longo do referido evento esportivo, como é o caso de Salvador. Nessa linha, poderíamos mencionar a perspectiva do aumento de vagas no mercado de trabalho e a possibilidade de capacitação da mão-de-obra local para atender, de forma adequada, a essa grande demanda que seguramente surgirá em nossa cidade.
Na primeira hipótese, vislumbra-se um incremento estrondoso nas atividades relacionadas diretamente ao turismo. Com efeito, há um sentimento comum de que será preciso ampliar e aperfeiçoar o nosso parque hoteleiro, não apenas com a construção de novos hotéis no centro e entorno da cidade, mas também modernizar os já existentes, a fim de atender o exigente público que estará presente em Salvador. Ao lado disso, é bastante previsível que a gastronomia baiana tenha fomento considerável em consonância com o aumento da oferta hoteleira, o que implicará na necessidade de se realizar investimentos na criação de novos restaurantes e outras opções semelhantes. Esses dois importantes segmentos na área de serviços proporcionarão a premência de provimento de vagas relacionadas a essas atividades econômicas, que cumprirão importante papel para suprir essa carência de oportunidades de trabalho.
É importante frisar que, embora certo filão das vagas de trabalho estejam relacionadas a atividades temporárias, que deverá se manter apenas no período de realização do evento esportivo em questão, boa parte delas se incorporarão em caráter definitivo à estrutura da cidade, tendo um impacto direto, imediato mas também permanente em nossa economia.
O setor de transportes também terá efeito considerável sob o elemento “trabalho”. É consenso geral que a deficiência do transporte público em nossa cidade é um dos maiores problemas que é enfrentado pela população soteropolitana no dia-a dia, já se refletindo diretamente no trânsito de Salvador, que é um dos mais caóticos do país.
Além do aumento desenfreado da frota privada nos últimos dez anos, sem que viesse acompanhado da construção de novas opções de vias rodoviárias capazes de proporcionar o descongestionamento e a livre circulação dos veículos da cidade, a precariedade e a falta de segurança de nosso transporte público inibe aqueles que possuem o seu próprio carro de se utilizar daquele meio de transporte, o que colabora sobremaneira para o agravamento do problema.
Nesse diapasão, a construção de um transporte de massa mais rápido – o metrô ou mesmo o trem de superfície que venha a integrar o centro ao aeroporto – irá permitir uma oferta considerável de vagas de trabalho e, também, por óbvio, deixar um legado fundamental para a população da cidade.
No mesmo caminho, a perspectiva de construção da ponte que deverá interligar Salvador à Ilha de Itaparica implicará na oferta de um considerável número de empregos diretos relacionadas à obra propriamente dita (não apenas na fase de construção, mas ainda de manutenção, reparo e no próprio funcionamento do serviço), mas também de uma perspectiva bastante otimista de empregos diretos que poderão surgir com o incentivo ao turismo naquela aprazível região do Estado, com o aumento no investimentos a serem realizados pelo setor imobiliário e de serviços, já que aquela localidade terá a grande oportunidade de vivenciar um processo de revitalização e redescoberta pela população de Salvador.
A Arena Fonte Nova, que se encontra em construção, promete se tornar não apenas um moderno estádio para a prática de esportes, mas também um espaço multiuso para realização de shows e espetáculos de diversa natureza. Abre-se aí outro filão extremamente positivo pra aqueles que atuam na esfera dos eventos de forma geral, o que cria um clima bastante positivo e, ao mesmo tempo, vem suprir uma carência antiga de nossa cidade, que tem um enorme potencial cultural, como é do notório conhecimento nacional, mas não dispõe de um local adequado para a realização de eventos de grande magnitude.
Outro viés da maior relevância está relacionado à capacitação do pessoal que atua na prestação de serviço, como motoristas de taxi, guias turísticos, comerciários, garçons etc., que terão que ser preparados para atender bem o alto número de pessoas que é esperado durante esse período de jogos, seja com a realização de cursos de idioma, seja para proporcionar um trato mais cortês ao cliente, o que, do mesmo modo, implicará num legado extremamente positivo para a nossa cidade.
Como se pode observar, as perspectivas são bastantes favoráveis com a realização, em Salvador, desse evento futebolístico de repercussão mundial, que deverá interferir decisivamente na vida de muitos dos nossos trabalhadores e, assim, trazer importantes reflexos para as relações de trabalho.

Por Jairo Sento-Sé 
26 de outubro de 2011

Fonte: http://genteemercado.com.br/a-copa-do-mundo-de-2014-e-o-mundo-do-trabalho/

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